A descoberta de um conjunto de ossos de saurópodes (os famosos "dinossauros pescoçudos") em Ibirá (SP) revelou evidências de uma doença óssea grave e fatal que acometeu esses animais há cerca de 80 milhões de anos, no período Cretáceo
🔬 O que aconteceu com esses dinossauros?
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Foram analisados fósseis de seis indivíduos encontrados no sítio paleontológico Vaca Morta, coletados entre 2006 e 2023. Todos apresentaram sinais característicos de osteomielite, uma infecção óssea (causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários)
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Os ossos mostravam textura esponjosa, lesões que iam da medula até a superfície óssea, algumas perfuradas, com protrusões circulares ou elípticas — e sem nenhum sinal de cicatrização. Isso indica que os animais morreram em plena fase ativa da infecção
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Lesões atrofiaram a estrutura óssea e, possivelmente, criaram fístulas que expeliam pus ou sangue, causando sofrimento e morte rápida
🌱 Por que isso ocorreu em Ibirá?
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O ambiente paleoambiental era árido, com rios rasos e extensas poças de água parada. Essas condições eram propícias para a proliferação de patógenos, possivelmente transmitidos por mosquitos ou pela água contaminada que os animais consumiam
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A ocorrência simultânea da doença em vários indivíduos do mesmo local e período sugere condições ambientais locais favoráveis à infecção generalizada entre aqueles dinossauros
🦠 Parasitas fossilizados dentro do osso?
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Além da osteomielite, pesquisas anteriores em fósseis de um saurópode menor da região identificaram parasitas sanguíneos fossilizados dentro dos canais vasculares do osso, também associados à doença
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Este foi o primeiro registro mundial de parasitas preservados em ossos de dinossauro, sugerindo que aqueles patógenos possam ter sido agentes contribuidores (ou facilitadores) da osteomielite
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Os parasitas lembravam protozoários semelhantes aos que causam leishmaniose em humanos, e o dinossauro afetado apresentava feridas abertas por todo o corpo, como uma espécie de “dinossauro zumbi”
🧠 Por que é importante?
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São poucos os relatos de doenças infecciosas em saurópodes, e este trabalho foi publicado na revista The Anatomical Record com forte apoio da FAPESP e CNPq
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O estudo traz novas formas de se identificar osteomielite em fósseis, distinguindo-a de tumores ou traumas ósseos, e estabelece um padrão de diagnóstico útil para futuros achados paleontológicos ou arqueológicos
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Revela também como alterações ambientais podem impactar a saúde de espécies — um alerta relevante até mesmo para a compreensão de doenças modernas.
📋 Resumo em tabela
Tema | Detalhes |
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Tipo de doença | Osteomielite (infecção óssea aguda/severa) |
Número de indivíduos | 6 saurópodes afetados no sítio Vaca Morta |
Idade geológica | ~80 milhões de anos (Cretáceo) |
Características das lesões | Ausência de cicatrização; textura esponjosa; fístulas visíveis |
Ambiente provável | Poças de água parada, clima árido, alta presença de vetores e parasitas |
Achado adicional | Parasitas fossilizados dentro de ossos de saurópode |
Relevância científica | Novo padrão diagnóstico; contexto paleoepidemiológico; implicações médicas |
📚 Fontes:
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Veja (Abril)
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Doença óssea mortal dizimou dinossauros pescoçudos na região do interior de São Paulo
Link: https://veja.abril.com.br/ciencia/doenca-ossea-mortal-dizimou-dinossauros-pescocudos-na-regiao-do-interior-de-sao-paulo
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Agência Página Um
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Doença óssea mortal dizimou dinossauros de pescoço longo há 80 milhões de anos no interior de São Paulo
Link: https://www.agenciapaginaum.com/doenca-ossea-mortal-dizimou-dinossauros-de-pescoco-longo-ha-80-milhoes-de-anos-no-interior-de-sao-paulo
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Diário da Região (São José do Rio Preto)
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Pesquisadores identificam parasita dentro de osso de dinossauro em Ibirá
Link: https://diariodaregiao.com.br/artigo/pesquisadores-identificam-parasita-dentro-de-osso-de-dinossauro-em-ibira-1.28238
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Artigo científico na revista The Anatomical Record
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Título: Several occurrences of osteomyelitis in dinosaurs from the Upper Cretaceous of Southeast Brazil
(Disponível via periódicos científicos com acesso institucional)
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