Vulcanidris cratensis
Características da Vulcanidris cratensis
Essa formiga pertence à subfamília extinta Haidomyrmecinae, popularmente conhecida como "formigas-do-inferno", devido às suas mandíbulas curvas em forma de foice, que se moviam verticalmente, ao contrário das formigas modernas. Essas mandíbulas, acopladas a projeções faciais, provavelmente auxiliavam na captura de presas, indicando um comportamento predatório especializado.
O exemplar fóssil é uma fêmea alada, medindo cerca de 13,5 milímetros de comprimento, com antenas longas, asas com veias específicas e um corpo mais robusto que o de outras formigas fósseis. Além disso, possuía um ferrão bem desenvolvido, semelhante ao de uma vespa.
Importância do Achado
Este fóssil antecipa em mais de 13 milhões de anos o registro fóssil anterior mais antigo da família Formicidae, que até então era restrito a exemplares preservados em âmbar da França e de Mianmar. A descoberta sugere que as formigas já estavam amplamente distribuídas durante o Cretáceo Inferior, ampliando significativamente a linha do tempo da evolução desses insetos.
O fóssil foi encontrado em calcário, uma ocorrência rara, pois a maioria dos fósseis de formigas é preservada em âmbar. Isso permitiu uma análise detalhada da morfologia do inseto por meio de tomografia computadorizada, revelando características anatômicas altamente especializadas desde etapas evolutivas iniciais.
Contexto da Descoberta
O fóssil fazia parte de uma coleção particular antes de ser doado ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). A descoberta foi feita por Anderson Lepeco, entomologista do museu, enquanto examinava a coleção. Segundo Lepeco, a Vulcanidris cratensis provavelmente seria confundida com uma vespa por um olho não treinado, devido às suas características morfológicas.
Este achado destaca a importância do exame minucioso de coleções existentes e traz à tona a relevância da paleontologia brasileira e da fauna de insetos fósseis pouco explorada do país.
A descoberta foi publicada na revista científica Current Biology em abril de 2025. Fósseis de mais de 600 espécies de insetos já foram encontradas na Bacia do Araripe
IMAGENS DA POSTAGEM: Anderson Lepeco
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