quinta-feira, 1 de maio de 2025

Fóssil de Formiga no Ceará


Vulcanidris cratensis

Pesquisadores brasileiros descobriram no Nordeste do Brasil o fóssil de formiga mais antigo já registrado pela ciência. A espécie, batizada de Vulcanidris cratensis, viveu há aproximadamente 113 milhões de anos, durante o período Cretáceo, e foi encontrada na Formação Crato, localizada na Chapada do Araripe, no Ceará.

Características da Vulcanidris cratensis

Essa formiga pertence à subfamília extinta Haidomyrmecinae, popularmente conhecida como "formigas-do-inferno", devido às suas mandíbulas curvas em forma de foice, que se moviam verticalmente, ao contrário das formigas modernas. Essas mandíbulas, acopladas a projeções faciais, provavelmente auxiliavam na captura de presas, indicando um comportamento predatório especializado.

O exemplar fóssil é uma fêmea alada, medindo cerca de 13,5 milímetros de comprimento, com antenas longas, asas com veias específicas e um corpo mais robusto que o de outras formigas fósseis. Além disso, possuía um ferrão bem desenvolvido, semelhante ao de uma vespa.


Importância do Achado

Este fóssil antecipa em mais de 13 milhões de anos o registro fóssil anterior mais antigo da família Formicidae, que até então era restrito a exemplares preservados em âmbar da França e de Mianmar. A descoberta sugere que as formigas já estavam amplamente distribuídas durante o Cretáceo Inferior, ampliando significativamente a linha do tempo da evolução desses insetos.​

O fóssil foi encontrado em calcário, uma ocorrência rara, pois a maioria dos fósseis de formigas é preservada em âmbar. Isso permitiu uma análise detalhada da morfologia do inseto por meio de tomografia computadorizada, revelando características anatômicas altamente especializadas desde etapas evolutivas iniciais.

Contexto da Descoberta

O fóssil fazia parte de uma coleção particular antes de ser doado ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). A descoberta foi feita por Anderson Lepeco, entomologista do museu, enquanto examinava a coleção. Segundo Lepeco, a Vulcanidris cratensis provavelmente seria confundida com uma vespa por um olho não treinado, devido às suas características morfológicas.​

Este achado destaca a importância do exame minucioso de coleções existentes e traz à tona a relevância da paleontologia brasileira e da fauna de insetos fósseis pouco explorada do país.

A descoberta foi publicada na revista científica Current Biology em abril de 2025. Fósseis de mais de 600 espécies de insetos já foram encontradas na Bacia do Araripe


IMAGENS DA POSTAGEM: Anderson Lepeco

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia Também